terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Texto para pais - Um novo olhar sobre o Movimento Escoteiro

Um novo olhar sobre o Movimento Escoteiro

Retirado e adaptado do Blog: http://redemulheremae.blogspot.com na quinta-feira, 17.02.2011


Hoje eu vou falar de algo que, com certeza, você já ouviu falar. E que eu quase que posso apostar - se você não teve contato diretamente - deve ter uma visão errônea sobre ele. Não por sua culpa, com certeza. O Movimento Escoteiro, infelizmente, tem sido estigmatizado há muitos anos. Quem nunca viu uma escoteira vendendo limonada ou biscoitos num filme americano? E quem não acha que escoteiro ajuda velhinhas a atravessar ruas? Pois é, a realidade é um pouco diferente da ficção! Talvez aqueles que têm na mente a imagem dos três sobrinhos do Pato Donald, que eram "escoteiros mirins" se aproximem um pouco mais da verdade. Ainda assim, o Escotismo é muito mais do que apenas isso.



Bem, literalmente, o Escotismo é um movimento de educação não formal, que se preocupa com o desenvolvimento integral dos jovens, complementando o esforço da família, da escola e de outras instituições. Aí você me diz: tá, Tatiana. Mas que raios tudo isso aí quer dizer? Na prática, isso que dizer que as crianças entram no Movimento Escoteiro para aprender, mas que não é como na escola, por exemplo. Elas não sentam e ficam tendo aulas. Tudo que é passado para as crianças vem diluído em brincadeiras, aventuras, trabalhos manuais e músicas. E é desse jeito que eles aprendem a assumir seu próprio desenvolvimento (pouco a pouco, claro!) e desenvolver valores tão esquecidos hoje em dia como respeito, disciplina, respeitar a natureza, ajudar ao próximo, ter responsabilidade e auto-confiança.

Me lembro de uma atividade regional da qual participei quando era escotista e ainda não tinha filhos. (Abro um parênteses para dizer que, na teoria, os adultos que fazem parte do Movimento Escoteiro são denominados Escotistas. Mas no dia a dia, são mesmo chamados é de chefes! rs). Bem, o tema dessa atividade era o Brasil e cada grupo escoteiro ficou responsável por uma região do País. Foi maravilhoso! As crianças foram divididas em grupos e passavam por todas as bases, aprendendo um pouquinho sobre cada região, com brincadeiras, músicas, danças e jogos. Aposto que muitas delas aprenderam mais sobre o Brasil num final de semana do que em muitos dias de aula de geografia.



Outra coisa que acho muito importante para as crianças dessa fase: eles são incentivados a fazer todos os dias uma boa ação. Isso não significa fazer apenas aquilo que, de maneira natural e gentil, eles devem diariamente fazer, como dizer obrigado ou por favor. É algo mais: é fazer alguém feliz. Significa prestar algum serviço a alguém. Não precisa ser algo grandioso, mas que seja o Melhor Possível dessa criança e que seja sem receber nada em troca. Você acha difícil? Pois meu filho embarcou com tudo nessa e adorou! Todos os dias ele me perguntava se tinha conseguido fazer sua boa ação. Então conversávamos sobre o que tinha acontecido na escola e em casa, até vermos se a boa ação tinha ou não sido realizada. Muitas vezes ele apenas pegou o lápis da amiga que tinha caído no chão. Mas isso a fez feliz e, ao ver que tinha conseguido alcançar seu objetivo, ele também ficou muito feliz.

Eu preciso dizer que o Movimento Escoteiro foi muito importante na minha vida. Ao contrário do meu filho, eu não tive a oportunidade de entrar ainda criança, eu já era adolescente, com 15 anos. Mesmo assim, tenho plena certeza de que parte do que sou hoje eu devo ao escotismo. Foi lá que eu aprendi a me virar sozinha com muitas coisas, aprendi a cozinhar e a prestar os primeiros socorros, entre muitas outras coisas. Aliás, devo dizer que já socorri duas pessoas estranhas na rua, uma com epilepsia e outra entalada e sem ar. E assim que eu vi que essas pessoas estavam bem novamente, eu pensei comigo mesmo: graças a Deus que fui escoteira!



E eu podia passar o resto do dia falando: de como o Vítor aprendeu a lavar seus copos, pratos e talheres, de como eles são incentivados a ajudar com o que podem na cozinha, por exemplo, do dia em que eles fizeram todos os doces do aniversário de uma amiguinha...

Mas agora chega a hora em que você, que conseguiu chegar até esse ponto do meu post, se perguntar: por que é que a Tatiana está falando sobre isso aqui, no blog da Mulher & Mãe? O que é que isso tem a ver? E eu te digo que acho que isso tem tudo a ver com nós, mães. Porque eu quero muito que meus filhos façam parte disso também. Desejo que eles passem por essas aventuras ao ar livre, tenham contato com outras crianças, aprendam valores importantes, passem por essas experiências maravilhosas. Nesse um ano que o Vítor passou no Movimento, pude notar uma revolução dentro dele, daquelas que dá gosto observar. Tanto no comportamento quanto nas descobertas. Por isso quis compartilhar um pouquinho disso com vocês!



E vale dizer que a maior parte das crianças se identifica muito com as atividades desenvolvidas lá. Com o Vítor nem foi preciso falar muito, ele mesmo passou um ano no meu ouvido pedindo para entrar no escotismo, mas ele ainda não tinha idade. E agora vamos nos mudar de cidade antes que as atividades de nosso grupo recomecem, dá pra imaginar a tristeza do menino? Tive que perguntar a uma amiga, de outro grupo escoteiro se ele pode frequentar lá até que a gente se mude! E eu acho que a Alice vai seguir pelo mesmo caminho. Desde os 5 meses que ela vai conosco, já tem até dois acantonamentos em seu histórico (as crianças menores geralmente não acampam. Elas dormem em sacos de dormir, mas em locais protegidos e com banheiros. Chamamos isso de acantonamento). Praticamente aprendeu a andar no meio dos lobinhos e escoteiros que corriam pelo grupo! Então, quem duvida?

P.S.: Complementando às perguntas que foram feitas no comentário: sim, hoje o Escotismo é para meninos e meninas. Ainda existe o Movimento Bandeirante, mas lá também são aceitos ambos os sexos.